quinta-feira, junho 24

momentos d'alma...

será o silêncio,
o som sombrio do vento?
ou momentos d’alma
presos no meu pensamento?

algo me entristece.

escapam-me dos olhos lágrimas,
sinto breves lamentos,
enquanto lá fora a noite escurece.

no céu, só estrelas pretas.
nas costas, só o bater das asas
de pequenas borboletas.

quarta-feira, junho 23

palavras ao vento...

Bateu-me um leve e fresco vento pela face, que atingiu as palavras que tanto queria pronunciar-te, que tanto queria dizer-te. Vento ameno que passa, e que me atinge a alma, mas que não atrevo a levá-lo para longe sobre as minhas asas. Vento silencioso que passa atingindo-me o coração e que se desfaz no ar como areia do deserto. Sinto a carícia dos teus dedos invisíveis, afagar-me o cabelo, sinto o teu abraço apertado quando este vento se aproxima, a sua força arrasta-me, num remoinho de sentimentos ao vento amigo que me acompanha. Sinto a tua carícia, a tua presença mesmo na ausência, é aqui que o vento acalma permitindo que a tarde finalize em silêncio, numa ânsia que faz com que o meu peito arda de saudade. Ao nascer da noite quando o vento voltar a soprar-me a face para despertar para mais uma noite que promete ser calma, onde o vento amigo e companheiro eterno me apanhará a alma que voará para sempre no dorso sereno do teu ser.

quarta-feira, junho 16

sentidos cortados...

Ofereço aos braços da noite o meu corpo cansado. É aqui que finalmente solto a alma de borboleta selvagem, na escuridão que me rodeia. Na companhia das estrelas, voo pelos campos adormecidos e orvalhados, sentindo a cada bater de asas, o cintilar das gotículas de água que cedem à minha passagem. Voo, em direcção a lado nenhum, numa ansiedade de libertar a dor que me apaga por dentro. Desejo encontrar, neste voo apertado, a alma perdida num leito qualquer. Compreendo, o vazio da minha própria ausência, porque sinto-o cortar-me os sentidos. A noite, longa, negra e fria não consegue incluir em mim a força que me sai da alma. Finjo perder-me, até encontrar aquele dia que amanheço em mim e me trago de volta a este corpo vazio.

quarta-feira, junho 9

Ficas?

Queria acolher-te para sempre no meu mundo,
Adormecer a teu lado.
Sentir-te procurar-me durante a noite.
Como é bom sentir o teu beijo nas minhas costas, é bom quando me abraças com força enquanto entrelaçados um no outro.
Sei que não te lembras, mas acordo em cada procura, em cada ternura que me dás enquanto sonhas.
É tão bom tu e eu.
Sinto que gostas de mim, muito mais do que ambos pensamos sentir.
Fica comigo, ficas?