quarta-feira, março 10

...10 de um mês qualquer

Era uma noite de Agosto quando ela o viu pela primeira vez, mas bastou um sorriso, um olhar para ela se apaixonar por ele, ficava horas a fio a pensar nele, imaginando-o. Sussurrava, sorria sozinha, e era normal encontrá-la a olhar a lua, com um sorriso na cara, ouvindo e cantarolando a música que ele tinha escolhido para eles.
Quando se declararam um ao outro, abraçaram-se, deram as mãos e beijaram-se como se o mundo fosse terminar naquela noite. Não era formal nem precisava de o ser, porque ela estava ciente de que aquela alegria enorme que nem lhe cabia no peito, só podia vir de um sentimento tão evidente e verdadeiro como o deles, e nem eram precisas palavras. Por hábito encontravam-se aos fins-de-semana, sexta era o dia mais desejado, pois mantinham-se juntos, apreciavam o melhor que tinham para partilhar. Ela amava-o, do mais fundo do seu ser, amava-o com todos os seus defeitos com todas as suas qualidades… E como ele sabia fazê-la feliz. A felicidade dela era contagiante, todos aqueles que se cruzavam com ela sorriam e cobiçavam o sorriso “rasgado” de mulher apaixonada que ela tinha.
Passou 1 ano e 7 meses, ela resolveu fazer-lhe uma surpresa e comprou o relógio que ele desejava ter, numa loja lá da Vila.
Nesse dia foi ter com ele mais cedo do que o normal, e durante a sua alegre viagem, encontrou-se com algumas amigas que lhe disseram de que o amor dos dois era mais que completo e que de certeza ficariam juntos para sempre, ela mostrou novamente o tal sorriso “rasgado” e respondeu: É o nosso AMOR e este não terá FIM.
Depois disto, foi sentar-se no lugar do costume, e foi quando o vento ofegou mais forte do que era normal, ela virou a cara para que areia não entrasse nos olhos.
Mas aquela que não entrou nos olhos, juntou-se no peito e impediu-a de respirar, fazendo o frágil coração bater desordenadamente.
Ela ergueu-se, atirou-lhe o presente e correu... correu até não poder mais. Não conseguia chorar, não porque não tinha vontade, mas porque não acreditava no que tinha visto. Ele tinha-a “traído”, não era possível, não podia ser, jamais ela imaginava que ele a pudesse magoar desta forma. Ela passou a odiá-lo, assim como estava certa que o amava mas que não conseguiria mais estar ao lado dele. Passaram-se meses, semanas e dias e ela continuava a pensar nele e sentia o peito cada vez mais apertado, sentia-se angustiada e com uma forte vontade de chorar de todas as vezes que aquele momento lhe vinha à memória.
Um certo dia, sem ela esperar ele foi falar com ela, pediu-lhe desculpas, aceitou ter errado, confessou o seu remorse e disse que a amava e que não a podia perder. Ela tremia mas manteve-se sempre imóvel e calada enquanto ele falava, no fim apenas teve coragem para lhe dizer: “Vai embora”.
(Ele partiu, mas os dois continuaram a amar-se).
Com o passar do tempo ela achou que o devia perdoar, esquecendo o que se tinha passado.
E foi numa tarde de Março, que ele foi ter com ela, ele do outro lado da rua com o relógio no pulso que ela lhe tinha dado gritou “ Eu amei-te, amo-te e vou amar-te para sempre, AMOR FICAS COMIGO? Ela olhou no fundo dos olhos dele e sorriu.
Foi um momento único, mágico e tão rápido, que por um breve instante deixou de o ver e aconteceu o pior, ele tinha sido atropelado por um carro ao atravessar da rua. Por momentos ela manteve-se imóvel, de seguida correu para ele, pegou-lhe na mão e disse-lhe num suspiro: “SIM AMOR, EU QUERO FICAR CONTIGO” … ele fechou os olhos e esboçou um último sorriso para ela.
Ela continuou a visitá-lo todos os fins-de-semana, falava com ele e sabia que jamais a resposta viria do outro lado, conversava com ele e como ela se arrependeu de não o ter procurado mais cedo, de não o ter perdoado.
Os meses passaram e as visitas passaram a ser menos frequentes, até ao dia em que ela decidiu que tinha que por um ponto final no seu sofrimento.
Foi ao quarto dele, abriu as cortinas, sentou-se ao lado dele, pegou-lhe na mão e sussurrou-lhe ao ouvido “ Amor, desculpa por ter demorado tanto a perdoar-te”, perdoa-me.
Ela queria ficar naquele quarto para sempre, mas sabia que não podia ir ali sempre, vê-lo, conversar com ele sem receber mais resposta.
Ela levantou-se, beijou-o, olhou para ele e chorou, encostou as cortinas, abriu a porta e já a passar a linha da porta, ouviu um murmúrio “ Eu também quero ficar contigo amor”.


9 comentários:

Gothicum disse...

se fosse mágico....dava-te a varinha da felicidade!


Obrigado por estares sempre presente.


Abraço de Treva

Fatima disse...

Gothicum:
Um sincero obrigado, pelas tuas palavras.

Bjo
Fatima

GE3 disse...

onde a realidade se pode misturar com a fantasia, ou vice-versa, acontece um texto que nos dá entusiasmo para o ler. digo que este mini-conto podia ser a tua história ou a de qualquer um. gosto de te ler em textos corridos e mais alongados. continua a escrever que sempre que posso passo por aqui para te ler, embora não tenho comentado muito não envalida que passe e leia.
um abraço

Marta Vasil (pseud.de Rita Carrapato) disse...

Uma história de amor feita de muito: paixão, amor, ódio, perdão e, julgo que, de perda.
Entendi-a como uma história essencialmente triste desenrolada numa linha descontínua, onde os sentimentos alternam entre a tristeza e mágoa e a alegria do amor.

beijinho

MV

Fatima disse...

GE3:
O que esvrevo, não implica necessáriamente que tenha acontecido comigo ou que fale de mim, gosto que as minhas palavras sejam sentidas e não somente lidas, não me aprisiono nem me inibo de partilhar o que escrevo, é uma forma de expressão muito especial muito intima, feita de sentimentos e comportamentos.
Ainda bem que apreciaste, obrigado.

Bjs

Fatima

Fatima disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fatima disse...

Marta Vasil:
Entendeu e muito bem, uma "história" de amor... Muito obrigada. Espero que volte para ler mais.

Bjo

Fatima

Lúcia Machado disse...

...obrigada pela "visita" e parabéns por este conto? que bem pode a realidade de mts

Boa semana :-)

Fatima disse...

Lúcia Machado:
Gosto muito de te ver por aqui :) Obrigada pelas palavras deixadas.

Bjs

Fatima